Coleção Roquette-Pinto de Renda Nhanduti transformou-se em cinza
" ... quando perdemos um museu como esse, perdemos também uma parte importante e valiosa da nossa capacidade de imaginar outros mundos. Afinal, é disso que trata a antropologia, falamos, analisamos e descrevemos outros mundos. E, com isso, alargamos a nossa capacidade imaginativa de querer, sonhar, imaginar e construir modos diversos de estarmos vivos."
fonte: Isabela Oliveira , Facebook de 02/09/2018
Incêndio no dia 2/9/2018 queimou a quase totalidade dos 20 milhões de peças do Museu Nacional
Edgard
Roquette-Pinto foi autor do primeiro estudo sobre a Renda Nhanduti de
que se tem notícia. Foi médico legista, professor, escritor,
antropólogo, etnólogo, ensaísta e membro da Academia Brasileira de
Letras
Seguindo
os caminhos dos primórdios da Antropologia, Roquette-Pinto conheceu o
interior do Continente Latino Americano ao ser designado pelo Museu
Nacional, nas décadas iniciais dos 1900, para, seguindo o caminho
percorrido pelo Mal. Rondon ao mapear as fronteiras telegráficas
brasileiras, coletar material para o acervo do Museu. Esteve também
ligado à Universidade de Asunción, onde trabalhou por 4 anos.
Do
circuito e convívio, além do material coletado que integrava a bela
coleção etnográfica do Museu Nacional e da obra literária que colaborou
para perpetuar a missão de Rondon, trouxe ele uma pequena coleção de
Renda Nhanduti, elaborando o primeiro estudo sobre a Renda trazida do
Paraguai de que se tem notícia.
O foco
do estudo de Roquette-Pinto é a simbologia adotada pelas rendeiras nos
padrões que os módulos da renda passam a estampar, catalogando os
motivos adotados por essa população "criolla".
A
tecelagem, que em sua origem canária é básicamente floral, passa a ter
desenhos da fauna, da flora e do mundo circundante nas suas tramas. O
texto "Notas sobre o Ñanduti do Paraguai" foi publicado pelo Boletim do
Museu Nacional em 1927.
As fotos
anexas, quase furtivas, do momento em que as peças eram tiradas das
caixas, foram as únicas que me foram autorizadas fazer na visita ao
acervo que fiz há cerca de 5 anos atrás quando solicitei consultar a
coleção de Roquette-Pinto!
Agora a
coleção de Renda Nhanduti virou cinza juntamente com quase 20 milhões de
peças do mais importante Museu da América Latina no incêndio de 2 de
setembro. E sequer boas fotos da coleção restaram!
Fica o
relato para registrar minha tristeza e, principalmente, registrar a
existência deste acervo que se perdeu. Até porque talvez que eu seja a
única pessoa nesse país que vai se lembrar dele entre tanto que se
perdeu.
Edgard Roquette-Pinto foi autor do primeiro estudo sobre a Renda Nhanduti de que se tem notícia. Foi médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo, ensaísta e membro da Academia Brasileira de Letras
Seguindo os caminhos dos primórdios da Antropologia, Roquette-Pinto conheceu o interior do Continente Latino Americano ao ser designado pelo Museu Nacional, nas décadas iniciais dos 1900, para, seguindo o caminho percorrido pelo Mal. Rondon ao mapear as fronteiras telegráficas brasileiras, coletar material para o acervo do Museu. Esteve também ligado à Universidade de Asunción, onde trabalhou por 4 anos.
Do circuito e convívio, além do material coletado que integrava a bela coleção etnográfica do Museu Nacional e da obra literária que colaborou para perpetuar a missão de Rondon, trouxe ele uma pequena coleção de Renda Nhanduti, elaborando o primeiro estudo sobre a Renda trazida do Paraguai de que se tem notícia.
O foco do estudo de Roquette-Pinto é a simbologia adotada pelas rendeiras nos padrões que os módulos da renda passam a estampar, catalogando os motivos adotados por essa população "criolla".
A tecelagem, que em sua origem canária é básicamente floral, passa a ter desenhos da fauna, da flora e do mundo circundante nas suas tramas. O texto "Notas sobre o Ñanduti do Paraguai" foi publicado pelo Boletim do Museu Nacional em 1927.
As fotos anexas, quase furtivas, do momento em que as peças eram tiradas das caixas, foram as únicas que me foram autorizadas fazer na visita ao acervo que fiz há cerca de 5 anos atrás quando solicitei consultar a coleção de Roquette-Pinto!
Agora a coleção de Renda Nhanduti virou cinza juntamente com quase 20 milhões de peças do mais importante Museu da América Latina no incêndio de 2 de setembro. E sequer boas fotos da coleção restaram!
Fica o relato para registrar minha tristeza e, principalmente, registrar a existência deste acervo que se perdeu. Até porque talvez que eu seja a única pessoa nesse país que vai se lembrar dele entre tanto que se perdeu.